A formação de Alianças e blocos militares e os primeiros conflitos entre as potências imperialistas

Caro estudante, depois de termo-nos debruçado acerca do desenvolvimento sócio económico e político dos principais países capitalistas nos finais do século XIX aos princípios do século XX, agora iremos falar sobre a formação de alianças e blocos militares.

Os finais do  século XIX e princípios do século XX são marcados pela existência de fortes contrastes e rivalidades entre as potências europeias. O clima de tensões internacionais daí decorrentes, propício ao desencadear de conflitos armados, estará na origem da eclosão da Primeira Guerra Mundial.

Desde a guerra franco-prussiana (1870/71) até 1914, nenhum conflito grave perturbou a paz na Europa; no entanto, essa paz esteve permanentemente ameaçada:

  • Pelas rivalidades imperialistas, resultantes da concorrência entre as potências industriais, especialmente entre a Inglaterra e a Alemanha, consequência do sistema capitalista que necessitava de mercados de abastecimento de matérias primas e de colocação de produtos fabricados;
  • Pelos exagerados nacionalismos de algumas potências: na Alemanha o Pangermanismo proclamava a superioridade da raça germânica; nas pequenas nações balcânicas, dominadas pela Áustria – Hungria  e pela Turquia, a Rússia fomentava o pan – eslavismo.
  • Pela política de alianças defensivas, que provocou a corrida aos armamentos e originou o rompimento do equilíbrio internacional: à formação da Tríplice Aliança em 1882 pela Alemanha, Áustria-Hungria e Itália, responderam a França, a Rússia e a Inglaterra com a Tríplice Entente em 1904.

Com efeito, a partir de 1905 crescem na Europa os riscos de um conflito armado. O número de focos de tensão internacional tornava-se bastante perigoso. enquanto que a França continuava a reivindicar as suas províncias da Alsácia e da Lorena, anexadas pela Alemanha no decurso da guerra franco-prussiana, a Itália pretendia incorporar no seu território as terras do Norte da península itálica que ainda permaneciam sob o domínio do Império Áustro-Húngaro.

Também no Império Russo aumentavam os sinais de tensão face às pretensões nacionalistas dos polacos e finlandeses que pretendiam libertar-se do domínio russo. Igualmente no Norte de África a disputa do protectorado de Marrocos pela França e Alemanha agravava as rivalidades entre estas duas potências.

No entanto, era na península Balcânica que se localizava o maior foco de tensão. Nesta região do sul da Europa estava em marcha, já há algum tempo, um amplo movimento de carácter independentista, levado a cabo por certas nacionalidades, em especial a Bósnia, que pretendia libertar-se da Áustria e unir-se à Sérvia. Tentando tirar partido dessa situação conflituosa, a Rússia coloca-se ao lado dos povos eslavos na luta contra a dominação turca e austríaca. 

A situação era, de facto, explosiva. Para além desses movimentos nacionalistas e da rivalidade entre a Áustria e a Rússia, pela disputa da hegemonia na península Balcânica, verifica-se ainda uma oposição entre a Sérvia e a Bulgária. Neste clima de paz armada e de exaltação dos sentimentos nacionalistas, qualquer incidente entre dois Estados podia resultar em grave conflito internacional.

Foi o que aconteceu no dia 28 de Junho de 1914, na cidade de Serajevo (na Bósnia), quando o arquiduque Francisco Fernando, príncipe herdeiro da coroa da Áustria-Hungria, foi assassinado por um estudante nacionalista da Sérvia. Um mês após o atentado de Serajevo, não satisfeita com a resposta da Sérvia ao ultimato que lhe tinha enviado, a Áustria declara-lhe guerra.

A declaração de guerra da Áustria à Sérvia, em 28 de Julho de 1914, accionou de imediato o sistema de alianças: de um lado, encontravam-se os países da tríplice Entente; do outro, os da Tríplice aliança. Enquanto a Alemanha declara guerra à Rússia e à França, a Bélgica e Inglaterra. Ao longo do conflito, que durará cerca de quatro anos, outros países se envolverão no mesmo.  Então, começam a viver-se momentos de muita tensão nas relações entre os países europeus. A tensão conduziu a uma política de alianças. De facto, a política de alianças foi um dos factores responsáveis  pelo surgimento da Primeira Guerra Mundial, pois os países aliavam-se de acordo com os interesses que os aproximavam, num clima de fortes hostilidades.

Você deve estar interessado em conhecer os grupos de aliança. Então, vamos mencionar as duas alianças militares que surgiram neste período:

  • A Alemanha estabeleceu alianças com a Itália e com   o Império Áustro-Húngaro, que até então, ocupava a Europa Central, e forma a Tríplice Aliança. Esta era uma verdadeira aliança, obrigava as partes a prestar a assistência a qualquer das outras que fosse atacada. Porém, a Itália, a pouco e pouco, ia se afastando
  • A Inglaterra alia-se à França e as duas aliam-se à Rússia, contra a Alemanha, formando a Tríplice Entente.

Pronto, amigo estudante. Com a formação destas duas alianças, a Europa vivia como que sob um barril de pólvora. Um pequeno conflito entre dois países podia transformar-se numa guerra generalizada. E foi o que aconteceu! No dia 28 de Julho de 1914, começou a Primeira Guerra Mundial.

A guerra começou na Europa, mas pouco tempo depois atingiu a África onde as duas alianças disputam colónias. Nós também, em Moçambique, fomos afectados por esta guerra. A História regista que os alemães, que controlavam Tanganyka, actual Tanzânia, atravessam o rio  Rovuma, penetrando no actual território de Moçambique e provocando conflitos militares com o exército português. Aliás, este facto pressionou o governo colonial a intensificar a ocupação colonial no norte de Moçambique.

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