MOÇAMBIQUE – DA COMUNIDADE PRIMITIVA AO SURGIMENTO DAS SOCIEDADES DE EXPLORAÇÃO

Objectivos Específicos:

  • Caracterizar a vida das comunidades de caçadores e recolectores;
  • Explicar o significado das pinturas de arte rupestre;
  • Relacionar a expansão Bantu com a difusão da tecnologia de ferro;
  • Analisar as diversas teorias sobre a expansão Bantu;
  • Diferenciar as sociedades primitivas das sedentárias;
  • Explicar a importância da tecnologia de ferro para as sociedades moçambicanas;
  • Elaborar mapas sobre a expansão Bantu, difusão da tecnologia de ferro e dos grupos etnolinguísticos de Moçambique;
  • Explicar a importância da ideologia nas sociedades moçambicanas;
  • Difernciar a linhagem matrilinear da patrilinear;
  • Localizar no mapa os grupos etnolinguísticos de Moçambique;
  • Explicar a razão da diversidade linguística e cultural em Moçambique.

As Comunidades de Caçadores e Recolectores: os Khoisan

Antes do povoamento Bantu em Moçambique, extensas áreas do nosso território eram ocupadas por comunidades de caçadores e recolectores, os Khoisan ou seja comunidade de Bosquimanos e Hotentotes. Na África Austral, os povos com estas características foram os Khoi-Khoi e Sans ou Khoisan ou comunidade de Bosquimanos e Hotentotes. Os primeiros eram de estatura média e robustos, caçadores e os segundos eram altos e esquios reconhecidamente recolectores.

O grupo remanescente desta comunidade ainda hoje vive no inóspero deserto de Kalahari. Foram estes povos que estavam em interacção ou foram dominados pelos povos de origem Bantu.

As comunidades de caçadores e recolectores remontam há cerca de 1200 anos antes da nossa era na África Austral e subsistiram, em Moçambique, até finais do primeiro milénio d. C. Ocupavam as savanas dos rios Zambeze e Limpopo chegando até ao Índico a leste do rio Zambeze. Seus vestígios foram encontrados em diversas estações arqueológicas, das quais se destaca a de Massingir por apresentar uma sequência de diversos estágios líticos.

Características das Comunidades de Caçadores e Recolectores/Comunidade Primitiva Primeiro Período da História de Moçambique

  • Economia recolectora (recolecção e caça) – A colecta era actividade praticada pelas mulheres, onde apanhavam bagos, ervas, resina, raízes bulbosas, caules subterrâneos, mel, insectos, térmites, gafanhotos, moluscos de água doce, pássaros marinhos, foca e peixe. Os homens (adultos e jovens) dedicavam-se à caça, pois exigia força, conhecimento técnico e magia;
  • Eram comunidades nómadas;
  • Fraca relação de parentesco;
  • Divisão natural de trabalho – (mulheres na recolecção, homens na caça, e, crianças e velhos realizavam tarefas mais leves);
  • Uso de instrumentos rudimentares (ossos, pedra, paus, fibra e marfim);
  • Imediatismo na produção-consumo;
  • Organização social baseada em bandos;
  • Divisão do produto final por igual – não existia classes sociais;
  • Estavam organizados em famílias alargadas dirigidas por anciãos (eram os mais respeitados devido à sua experiência; dirigiam a caça; a divisão dos produtos e orientavam as cerimónias religiosas);
  • Prática de arte de pintura rupestre.

Em Moçambique a arte rupestre está representada em regiões planíficas do interior, tais como: Chinhamapere  (Manica),  Zianes   Chicolane  (Tete),   Chifumbaze  (Tete),   Campito (Niassa), Malembeve (Niassa), entre outros lugares.

Significado da Arte Rupestre

Os homens do Paleolítico deixaram-nos pinturas extraordinárias nas paredes de muitas cavernas que habitavam. Essas pinturas chama-se rupestres por terem sido feitas sobre rochas. Representam, em geral, caçadas, combates entre tribos rivais; mamutes, bisontes, cavalos, renas e mesmo homens.

A arte rupestre tinha um significado mágico religioso, em que desenhavam o que gostariam de obter numa caça feliz, como gado gordo ou bonita rapariga. O homem primitivo pensava que, pelo facto de “matar” um animal em desenho, o matava na realidade. Tinha também um significado mágico ritualista, pois para além de divulgar as qualidades artísticas servia também comoinstrumento para qual os feiticeiros lançavam as suas bruxarias.

Em Moçambique a arte rupestre classifica-se em pinturas e gravuras.

As mudanças climáticas e o aumento da população levaram as comunidades de economia ceginética a uma miscigenação e adaptação de tecnologias mais avançadas com as populações de origem bantu da Idade de Ferro Inferior, povos provenientes da orla noroeste da grande floresta equatorial, por volta dos séc. II a III.

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