Introdução
Caro estudante, o que acabamos de estudar é a economia colonial nos finais do século XIX e início do século XX. Chamamos atenção, porém, para o facto de que as formas de colonização não foram sempre as mesmas, elas alteraram-se com o tempo, adaptando-se a novas realidades históricas de Portugal e do mundo. Foi o caso da 1ª Guerra Mundial que teve um grande impacto sobre o colonialismo em África. Pela importância deste acontecimento internacional vamos dedicar uma parte do nosso instrumento ao estudo das causas da Primeira Guerra Mundial e dos seus efeitos sobre a África.
Objectivos:
⇒ Descrever as principais contradições imperialistas que conduziram à eclosão da I Guerra Mundial
⇒ Definir as causas da I Guerra Mundial
⇒ Distinguir as fases da I Guerra Mundial
⇒ Avaliar os efeitos da Guerra para a África e para o mundo imperialista
⇒ Definir as consequências da I Guerra Mundial nos níveis demográfico, social, económico e político
⇒ Definir o significado da I Guerra Mundial
Causas da I Guerra Mundial
a) A agudização das contradições Imperialistas
Esta foi a principal causa da guerra.
Essas contradições agudizaram-se porque: – Os países capitalistas desenvolveram-se de uma forma desigual, quer dizer, além do grupo de países que já se tinham industrializado apareceram outros países que também se industrializaram e que, consequentemente, precisariam de colónias e, por isso, reclamavam uma nova divisão do mundo.
Eram seguintes as áreas de conflito e as respectivas potências em conflito:
Grã-Bretanha – Alemanha
A Alemanha desenvolveu-se muito depois da Grã-Bretanha, mas de forma muito rápida, fazendo acabar a hegemonia inglesa na economia mundial. Porém, ela não tinha colónias, tinha que procurá-las, para isso, ela se tornou muito agressiva e, como já vimos, empreendeu uma corrida aos armamentos (expressa pela corrida navalista) – os ingleses consideraram isso uma ameaça à sua secular hegemonia nessa área.
França – Alemanha
A Alemanha havia anexado territórios franceses em 1871 – Alsácia e Lorena que França reivindicava, havia também a questão do Marrocos – a Alemanha opunha-se à penetração francesa naquela região de África, houve incidentes entre as duas potências:
− 1905 – Tânger
− 1908 – Casablanca
− 1911 – Agadir
Áustria – Rússia
Após a sua derrota no Oriente em 1905, na guerra com o Japão a Rússia tinha interesses nos Balcãs. Apoiando a Sérvia, os russos apoiavam agitações nacionalistas anti – austríacas.
Rússia – Alemanha
Choque entre as rotas expansionistas do imperialismo russo e alemão na linha Berlim – Bagdad.
Áustria – Sérvia
A Sérvia fomentava agitações nacionalistas nos Balcãs afectando o Império Áustro – Húngaro, provocando atritos com este. Este foi o último foco que provocou o início da IGM em 1914.
Intensificação dos nacionalismos
Este aspecto caracterizava a Europa daquela altura a nível ideológico, isso surgia por causa das ambições imperialistas, são exemplos desses nacionalismos os seguintes:
O PAN – GERMANISMO – surgido na Alemanha que defendia a superioridade da raça alemã.
O REVANCHISMO – surgido na França cuja ideia era a desforra contra a Alemanha por causa da derrota, perdas e humilhação de 1870/71 resultantes da guerra Franco – Prussiana.
O PAN – ESLAVISMO – Surgido na Rússia, cuja através da qual a ela se auto – intitulava protectora dos povos eslavos.
Foi do resultado das rivalidades entre as potências europeias pela partilha do mundo que, em 1914, começou a Primeira Guerra Mundial.
A primeira guerra mundial, embora tenha sido essencialmente europeia, acabou afectando o nosso continente, já que, como sabe, a África já estava sob domínio europeu, por isso, vamos analisar os efeitos dela em África.
Como dissemos, a guerra relacionava-se com a concorrência das potências europeias pelo controlo de territórios. A Alemanha, por exemplo, que se industrializou tardiamente, considerava-se prejudicada na parte que lhe cabia nas zonas de influência e de colónias e exigia uma redistribuição destas. Os seus interesses chocavam com os interesses das velhas potências, como a Inglaterra e a França e punham em causa os domínios doutras, como Portugal e Bélgica, em África, e a Rússia, na Ásia. Esta situação provocou tensão entre os países europeus, tensão que levou à eclosão da Primeira Guerra Mundial, em 1914.
A Primeira Guerra Mundial iniciou-se na Europa, mas, pouco tempo depois, atingiu a África onde os países beligerantes disputavam colónias.
A vinculação da África aos interesses imperialistas das potências europeias determinou o seu envolvimento na Primeira Guerra Mundial, facto que possibilitou um despertar da consciência histórica dos africanos. A primeira Guerra Mundial redesenhou o mapa da África, através da partilha definitiva do continente pelas potências vencedoras da guerra.
Com certeza você quer compreender mais da Primeira Guerra Mundial. Pois, leia primeiro este texto.
“ A acumulação de riquezas na Europa fora tão rápida e impressionante, que parecia garantir a prosperidade crescente de todas as classes da sociedade e afastar as possibilidades de conflito social violento. Mas, no dia 28 de Julho de 1914, começou a Primeira Guerra Mundial.”( História Geral. António Pedro e F. Cáceres).
Este texto relaciona-se com as causas da Primeira Guerra Mundial. O que é que diz o texto? No texto podemos ver que a Europa tinha um grande desenvolvimento económico. Este desenvolvimento, caro amigo, relaciona-se com os frutos da Revolução Industrial. Muito bem, a prosperidade da Europa dos finais do século XIX permitiu a ascensão de novas potências industriais, como foi o caso de Alemanha, agravando a concorrência das potências pelo controlo de mercados e territórios.
Neste período, pode-se constatar que a Alemanha possuía colónias apenas em África e que mesmo estas, ocupavam um espaço relativamente limitado. Enquanto que a França e Inglaterra possuíam vastos impérios em quase todo o mundo. Você pode explicar este facto? Pode sim, porque agora sabe que a Alemanha atingiu a industrialização mais tarde que a Grã-Bretanha e a França e só iniciou a sua corrida colonial nos finais do século XIX.
Quando deflagrou a guerra, em 1914, pensava-se que os combates teriam uma curta duração e que não ultrapassariam os limites geográficos da Europa. No entanto, as novas técnicas de combate, o imperialismo das potências industrializadas e os movimentos de carácter nacionalista farão com que a guerra se prolongue por cerca de quatro anos e se mundialize.
As Frentes de Combate
A Primeira Guerra Mundial travou-se em terra, mar e ar. Mas foi sobretudo em terra e na Europa que se situaram os principais combates. Estes desenvolveram-se em três grandes frentes:
Ao longo da sua duração, a guerra desenvolveu-se segundo diferentes etapas, de acordo com os avanços ou imobilização das forças em combate, assim sendo, a guerra conheceu três fases distintas:
Fase de movimentos (1914)
A Alemanha, cumprindo o plano de guerra relâmpago, invadiu a Bélgica e penetrou na França, ameaçando tomar Paris. A intervenção da Rússia pela Polónia alterou os planos alemães, que tiveram de dispersar as forças que combatiam contra a França.
Várias outras potências começam a aderir à guerra em cumprimento de acordos anteriormente firmados, ou em defesa dos seus interesses. A Inglaterra e Itália, por exemplo, intervêm em favor do Entente, enquanto a Turquia e a Bulgária, entram para as potências centrais, abrindo assim a frente balcânica.
O alastramento da guerra pelas colónias dos beligerantes e pelos mares mundiais; o envolvimento do Japão que ataca as possessões coloniais europeias no extremo Oriente, tornam o conflito mundial.
Fase de trincheiras (1915 – 1917)
Nesta fase, a guerra foi essencialmente de posições. Derrotados na batalha do Marne em Setembro de 1914, os alemães Setembro de 1914, os alemães não se retiraram dos territórios que haviam conquistado. Para isso cavaram trincheiras e resistiram à contra – ofensiva dos franceses. Estes, não conseguido expulsar o inimigo, cavaram também uma longa linha de trincheiras, dando assim o início à guerra de posições, que se travou até 1917.
Fase de retorno à guerra de movimentos (1917 – 1918)
Em 1917 alguns factos novos começam a mudar o rumo dos acontecimentos:
- Os constantes ataques dos submarinos alemães à marinha mercante americana obrigam os Estados Unidos a entrar na Guerra, o que significa uma enorme vantagem para os aliados: um milhão de combatentes transportados para a Europa e um grande apoio económico-financeiro;
- A Revolução Russa, que enfraqueceu a frente oriental, acabando os soviéticos por assinar um tratado de paz com os alemães que significou uma autêntica capitulação;
- A Alemanha e os seus aliados vêem-se em maiores dificuldades devido ao bloqueio económico que os priva de víveres e de matérias-primas, o que provoca descontentamento e protestos das populações;
- A crescente mundialização da guerra, fruto dos interesses imperialistas e da adesão de novos países aos dois blocos antagónicos, modifica o anterior equilíbrio de forças.